27 de jun. de 2008

A Bela Helena e o Mistério das Almas Gêmeas


O ascenso sublime e maravilhoso da Sexta Serpente radiante, para dentro e para cima, ao longo do canal espinhal do corpo búdhico, deu-me, de fato e por direito próprio, passagem franca para a sexta Iniciação Venusta...

No mundo búdico, ou intuicional universal, tive que vivenciar, por aquela época, alguns capítulos transcendentais do evangelho crístico...

Quero me referir agora, com suma delicadeza, a certas passagens miríficas secretas, intencionalmente eliminadas do texto original pelos escribas e doutores da lei...

É certamente deplorável que a Santa Bíblia hebraica tenha sido tão cruelmente mutilada, adulterada, deformada...

O que então experimentei na cósmica região intuicional guarda múltiplas concordâncias rítmicas perfeitas com os diversos processos esotéricos iniciáticos que nós devemos vivenciar aqui e agora...


Extraordinárias cenas relacionadas com os outros planetas do sistema solar de Ors, no qual vivemos, nos movemos e temos o nosso Ser.

Quando a Sexta Víbora de Luz resplandece transpôs o umbral augusto de sua correspondente câmara no coração tranqüilo, gloriosamente brilhou o sol da meia-noite no inalterável infinito...

Eu entrei no templo da Iniciação, acompanhado por muita gente. Cada um dos do cortejo portávamos em nossa destra uma vela, círio ou tocha ardente...

Nesses instantes, eu me senti vivenciando aqueles versículos esotéricos, crísticos que ao pé da letra dizem:

“E logo, ainda falando ele, veio Judas, que era um dos doze, e com ele uma companhia com espadas e paus, da parte dos príncipes dos sacerdotes (ou homens constituídos por autoridade mundana), e dos escribas (ou seja, dos tidos por sábios no mundo), e dos anciãos (os tidos, no mundo, por prudentes, sensatos e discretos).

E como veio Judas (o demônio do desejo), aproximou-se logo dele e lhe disse: “Mestre!”, E o beijou.

Então eles lançaram sobre ele suas mãos e o prenderam.”

Embriagado de êxtase, exclamei: “Eu sou o Cristo!” Uma dama-adepto me admoestou, dizendo: “Cuidado, não digas isso! É falta de respeito!”

“Nestes momentos o estou representado”, repliquei. A dama sagrada guardou, então, um respeitoso silêncio.

O drama cósmico dentro do templo das paredes transparentes teve certo sabor majestático muito grave, terrivelmente divino...

Convertido no personagem central, tive que experimentar, em mim mesmo, as seguintes passagens evangélicas:

“E trouxeram Jesus ao sumo sacerdote Caifás (o demônio da má vontade), e se juntaram a ele todos os príncipes dos sacerdotes (as autoridades oficiais deste mundo), e os anciãos (as pessoas muito respeitáveis e cheias de experiência), e os escribas (os intelectuais). E os príncipes dos sacerdotes e todo o concílio buscavam testemunho contra Jesus (o interno salvador), para entregá-lo à morte; mas, não o achavam. Porque muitos diziam falso testemunho contra Ele, mas seus testemunhos não concordavam.

Então, levantando-se uns, deram falso testemunho contra Ele, dizendo: “Nós o ouvimos dizer: “Eu derrubei este templo que é feito por mão (referindo-se ao corpo animal) e em três dias edificarei outro feito sem mão (o corpo espiritual, o To Soma Heliakon).” Mas nem ainda assim concertava o testemunho deles.

Então, o sumo sacerdote (com sua má vontade), levantando-se no meio, perguntou a Jesus, dizendo: “Não respondes algo? Que testemunham estes contra ti?” Mas ele calava e nada respondia (o silêncio é a eloqüência da sabedoria).

O sumo sacerdote voltou a lhe perguntar e lhe disse: “És tu o Cristo, o filho de Deus?” (o Segundo Logos). E Jesus lhe disse: “Eu Sou! (Ele é), e vereis o Filho do Homem (a todo verdadeiro cristificado ou osirificado) sentado à direita da potência de Deus (o Primeiro Logos) e vindo nas nuvens do céu.”

Então, o sumo sacerdote (o demônio da má vontade) rasgou suas vestimentas e disse: “Que mais temos necessidade de testemunhos? Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?” E eles todos o condenaram a ser culpado de morte. E alguns começaram a cuspir nele, e cobrir seu rosto, e dar-lhe bofetadas, e dizer-lhe: “Profetiza! E os servidores o feriam com bofetadas.

E, logo pela manhã, havendo tido conselho, os príncipes dos sacerdotes, com os anciãos e com os escribas, e com todo o concílio, levaram Jesus atado e o entregaram a Pilatos.

E Pilatos (o demônio da mente) perguntou-lhe: “És tu o rei dos judeus?” E respondendo Ele, disse-lhe: “Tu o disseste!”

E os príncipes dos sacerdotes (as autoridades deste mundo) o acusavam muito.

E lhe perguntou outra vez a Pilatos, dizendo: “Não respondes algo? Olha de quantas coisas te acusam” (ao Cristo Interno o acusam todas as pessoas, até aquelas que se dizem seus seguidores).

Mas Jesus (o Cristo Íntimo) nem sabia com isso respondeu. (Repito: O silêncio é a eloqüência da sabedoria). Pilatos (o demônio da mente) se maravilhava.

Entretanto, no dia da festa lhes soltavam um preso, qualquer um que pedissem. E havia um que se chamava Barrabás (o demônio da perversidade que cada um leva dentro), preso com seus companheiros de motim, que haviam cometido morte numa revolta (porque o ego é sempre homicida e malvado). E, visto a multidão, começou a pedir que se fizesse como sempre lhes havia feito.

E Pilatos lhes respondeu, dizendo: “Quereis que vos solte o rei dos judeus?” Porque sabia que por inveja o haviam entregue os príncipes dos sacerdotes (as autoridades de todo tipo). Mas, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão para que lhes soltasse antes Barrabás (as autoridades de todo tipo defendem o ego. Elas dizem: primeiro eu, segundo eu, terceiro eu).

E, respondendo Pilatos, lhes diz outra vez: “Que, pois, quereis que faça daquele que chamais de rei dos judeus?” E eles voltaram a dar vozes: “Crucificai-o!” (Crucificai! Crucificai! Crucificai!).

Do “sancta” inefável saí extático, depois de haver experimentado, de forma direta, o tremendo realismo íntimo de todos estes versículos parágrafos acima citados.

Revestido com uma nova túnica de glória, vestimenta talar esplendorosa, saí da grande catedral da alma...

Quão ditoso me senti ao contemplar, dali, o amplo panorama! Então vi o fluir e o refluir de todas as coisas...

Budhi é como um vaso de alabastro fino e transparente, dentro do qual arde a chama de Prajna...

Atman, o Ser, tem duas almas. A primeira é a alma espiritual e é feminina (Budhi). A segunda é a alma humana e é masculina (Manas superior).

O animal intelectual, equivocadamente chamado homem, só tem encarnada, dentro de si, a Essência.

Ostensivelmente, esta última é o Budhata, uma mínima fração da alma humana, o material psíquico com o qual se pode e se deve fabricar o embrião áureo. (veja-se O Mistério do Áureo Florescer).

A fonte e base da alta magia se encontra no desponsório perfeito de Buddhi-Manas, já nas regiões puramente espirituais, ou no mundo terrestre.

Helena significa claramente os esponsais de Nous (Atman-Budhi) com Manas (a alma humana, ou causal), a união mediante a qual se identificam Consciência e Vontade, ficando, por tal motivo, dotadas ambas as almas com divinais poderes...

A essência de Atman, do primordial, eterno e universal fogo divinal, encontra-se contida dentro de Budhi, que, em plena conjunção com Manas causal (alma humana), determinam o masculino-feminino.

A bela Helena de Tróia é a mesma Helena do Fausto de Goethe, Shakti, ou potência feminina do Ser Interno...

Ele e Ela, Budhi-Manas, são as almas gêmeas dentro de nós mesmos (embora o animal intelectual ainda não as tenha encarnadas), as duas filhas adoráveis de Atman (o Íntimo), o esposo e a Esposa eternamente enamorados...

Tal amor tem infinitas correlações, seja nos pares conjugados dos sóis duplos do céu e no da Terra com a Lua; seja no anfiáster protoplasmático das células determinantes, como é sabido, do misterioso fenômeno da cariocinese ou duplicação morfológica da célula una; seja no universal simbolismo das epopéias e de toda a restante literatura, onde o amor ideal entre dois seres se sexo oposto constitui a “alma mater” da produção literária.

Inquestionavelmente, o Sahaja Maithuna, como sacramento da igreja de Roma, repete-se com os gêmeos no acasha Tattwa e continua glorioso com Osíris-Ísis na região de Anupadaka.

Esclareço: Quando citamos a igreja de Roma, coloque-se as letras ao universo e leia-se assim: Amor. Obviamente, o sexo é a igreja do amor.

A teoria das almas gêmeas não implica em perigo algum quando captamos seu profundo significado. O coito químico, a cópula metafísica, resplandece gloriosamente no zênite do ideal, sem a mais leve sombra de impureza...

O legítimo enamoramento nunca está separado do sexo. O ato sexual é, certamente, a consubstancialização do amor no realismo psicofisiológico de nossa natureza.

O desponsório Budhi-Manas só é possível mediante o coito químico. O desfrute sexual é um direito legítimo do homem.

Renato cometeu o grave erro de afirmar, de forma enfática, que a Helena de Simão, o Mago, era uma formosa mulher de carne e osso, a quem o citado mago havia encontrado num lupanar de Tiro e que, segundo opinam seus biógrafos, era a reencarnação da Helena grega.

Tal conceito não resiste a uma análise profunda. Os colégios iniciáticos autênticos ensinam, com inteira clareza, que a bela Helena é Budhi, a alma espiritual da Sexta Iniciação Venusta, a Shakti potencial feminina.

Retirado do livro As Três Montanhas escrito por: V.M Samael Aun Weor

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